sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Fluídos


Indo de um corpo a outro, a existência trânsita, através de líquidos, humores. Ele e ela entram em contato, - os pensamentos cruzados, a pele fundida - e se tornam um só. O reconhecimento humano atinge seu clímax, seu apogeu. Antes, separados pelo detalhe do sexo, transformam-se na personalidade sem genitália aparente. Os amantes parecem dançar numa melodia natural - sob estrelas milenares - que já viram tantos outros, bailando. A troca profunda de olhares; os gemidos confundidos com o farfalhar das folhas...o suor respingando, para amenizar o calor dos corpos...a saliva, evidenciando o sabor da volúpia - e por fim, o fim. Separam-se como dois estranhos; os rostos, antes face a face, se repelem, evitando a nudez, agora, desvalorizada com a situação. Voltam a ser dois animais, dois simples e irreconhecíveis seres humanos. Nunca se viram; nem ao menos sabem o nome daquele com quem dividiram um pouco de seu ser; daquele que os completaram. Cada um segue seu curso, e novamente veêm-se solitários no ermo existencial, que deixa lacunas doloridas no âmago. Um ermo que precisa ser povoado, inundado por outros humores, sensações, sentimentos. Por fluídos que façam com que eles se sintam, novamente, vivos.

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